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Opinião: Em tempos de pandemia, ainda pensar em direitos
Uma reflexão sobre o momento desafiador que estamos enfrentando como sociedade.
Na Itália, a crise sanitária causada pela pandemia do vírus COVID-19 começa a escancarar uma série de problemas estruturais que, por muitos anos, os governantes resolveram ignorar, consequência de programas neoliberais, sobretudo no campos dos direitos humanos e sociais.
Como não notar o sucateamento do sistema sanitário, estressado esses dias com um alto número de pacientes em UTI? O que dizer da falta de políticas públicas para garantir a plena cidadania a dezenas de milhares de sem-teto e indigentes? O que pensar diante da situação de emergência social decorrente da superpopulação carcerária? Ops! Estamos falando da Itália ou do Brasil? Até aqui, tudo cabe para ambos.
No entanto, no caso do Brasil, enquanto estamos falando de lavar as mãos como se deveria ou mesmo o tal do “home office” e “distanciamento social”, nos deparamos com números mais assustadores no quesito desigualdade social. Por aqui quase 35 milhões de pessoas vivem sem acesso a água tratada, enquanto 100 milhões não possuem esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento em 2018.
O que esperamos em tempos de potencial emergência sanitária no Brasil é que haja, pelo menos, mais responsabilidade por parte dos agentes públicos. É lamentável figuras públicas dizerem que a pandemia oficialmente declarada pela Organização Mundial de Saúde é pura ficção ou conspiração.
Não há como ignorar que é a mesma tendência de negar a crise climática causada pelas emissões de carbono decorrentes da atividade humana, desacreditando a Ciência e criminalizando organizações, os movimentos sociais e os povos indígenas em face de grupos violentos do agronegócio.
A pandemia de COVID-19 é uma ameaça reconhecida para o Brasil e para o mundo. Não somos a favor do pânico, mas não podemos deixar que pessoas e agentes públicos favoráveis à imprudência não apenas fujam a suas responsabilidades, como também nos levem a diminuir cautelas e cuidados que podem ser decisivos para a sobrevivência de pessoas com saúde mais frágil em um curtíssimo prazo.
Meu aluno quer falar sobre sua sexualidade, e agora?
As questões de gênero e sexualidade são transversais a todos os temas, já que se tratam de questões relativas à humanidade. Assim, é comum que meninos e meninas em fase de exploração e descobertas queiram falar com alguém sobre seus sentimentos.
Uma das preocupações mais recorrentes dos jovens gays é em quem confiar para falar sobre sua sexualidade. Como um educador reage quando um dos seus alunos fala que acha que é gay? Ou se tem uma pessoa trans ou travesti em sala de aula?
Assumir a sua própria sexualidade é um grande momento na vida de qualquer pessoa, e requer bem-estar e confiança naqueles que estão apoiando o processo. No entanto, a insegurança e o medo, resultados de uma cultura LGBTfóbica, machista, discriminatória e preconceituosa, podem tornar este processo angustiante e doloroso.
O Grupo Gay da Bahia (GGB), em seu relatório de 2013-2014, mostrou que um gay é morto a cada 28 horas no país – foram 312 assassinatos de pessoas sexualmente diversas em 2013. Além disso, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. Em 2016, foram 127 casos, um a cada 3 dias!
Assim, figuras afetivas como amigos(as) e professores(as) são tidas como um referencial para jovens gays e/ou trans que querem falar sobre sua sexualidade.
Com a ajuda do livro “Tá difícil falar sobre sexualidade na escola?”*, pensamos em 5 dicas para ajudar professores e professoras a mediar situações em que um aluno(a) quer conversar sobre sua sexualidade.
Meu aluno quer falar sobre sua sexualidade, e agora?
1- Escute paciente e calmamente o que o(a) jovem tem a dizer, mostre-se aberto ao diálogo e deixe claro que ele(a) pode confiar em você. Apoiar e acolher é fundamental!
2- Não pressione o(a) jovem por mais informações do que aquelas que ele ou ela já está dando;
3- Seja afirmativo(a) e positivo!
4- Explique que você está contente em ser informado sobre aquilo (pois é um sinal de confiança) e mostre que está preparado para ajudar!
5- Divulgue informações sobre Organizações da Sociedade Civil e instituições locais que podem dar apoio a ele ou ela. Assim, aqueles que sentirem que não têm com quem conversar sobre sexualidade, terão acesso a informações úteis e seguras. 🙂
* Tá difícil falar sobre sexualidade na escola? – 2ª Edição / Somos Comunicação, saúde e sexualidade. SOMOS; Claudia Penalvo e Luiz Felipe Zago
Meu aluno fez um comentário discriminatório, e agora?
O ambiente escolar, como parte da sociedade, reproduz relações de desigualdade, muitas vezes reiterando discursos machistas, racistas e homofóbicos. Assim, os educadores e educadoras têm um papel fundamental no combate às desigualdades e na promoção de um espaço educativo democrático e inclusivo, para todos e todas!
De acordo com a pesquisa “Relações raciais na escola: reprodução de desigualdades em nome da igualdade”, realizada pela socióloga Mary Garcia Castro, a discriminação, mesmo que sutil, afeta a formação de estudantes negros, influindo negativamente no aprendizado de meninas e meninos negros.
As diferentes formas de crianças e adolescentes expressarem sua sexualidade também é alvo de discriminação. Uma pesquisa feita pela FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), em 2009, mostrou que 87% da comunidade escolar de escolas públicas brasileiras têm algum grau de preconceito contra homossexuais.
Tudo isso evidencia a importância da intervenção e da mediação de educadores e educadoras em situações de preconceito e discriminação na escola!
Assim, com a ajuda do livro “Tá difícil falar sobre sexualidade na escola?”*, pensamos em 5 passos para mediar comentários discriminatórios ou preconceituosos em sala de aula.
1- Uma das formas mais imediatas e efetivas de enfrentar a discriminação na cultura escolar é acabar com a linguagem discriminatória! Crie regras de convívio com a turma e deixe claro por que expressões preconceituosas são um problema.
2- Ao ouvir um comentário discriminatório, responda imediatamente, de forma cuidadosa, mas firme! Não deixe que o episódio caia no esquecimento ou seja tido como normal.
3- Assinale a expressão preconceituosa ou discriminatória e deixe claro: “Aqui está o problema”.
4- Refira-se às normas de convívio em grupo acordadas anteriormente: “Nossas regras não permitem que isso seja dito desta forma”.
5- Aponte as consequências de tal fala.
VAMOS USAR UM EXEMPLO PRÁTICO?
Durante a aula, levanta-se a questão de que “mulheres fazem mais tarefas domésticas do que os homens”. Um menino concorda exaltadamente. Você pergunta porquê. Ele responde que “mulheres devem cuidar da casa e dos filhos e homens devem trabalhar e ganhar dinheiro”.
E agora?
– Responda imediatamente.
– Discuta o comentário com todo grupo de alunos, explorando e questionando os alunos sobre as implicações do comentário para todos os envolvidos.
– Aproveite tal comentário para falar sobre as construções sociais que determinam as tarefas, habilidades e tendências de homens e mulheres.
A escola é um dos espaços em que crianças e adolescentes passam um bom tempo das suas vidas, e por isso é responsável pela formação de cidadãos conscientes e capazes de participar e transformar a realidade em que estão inseridos.
Para que a escola seja do jeito que a gente sonha, inclusiva e livre das desigualdades, é preciso o envolvimento de todos: alunos, pais, gestores e, claro, vocês, educadores e educadoras!
* Tá difícil falar sobre sexualidade na escola? – 2ª Edição / Somos Comunicação, saúde e sexualidade. SOMOS; Claudia Penalvo e Luiz Felipe Zago