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Viração lança guia sobre gênero e sexualidade para educadores(as)
A escola, como parte integrante da sociedade, pode reproduzir relações de desigualdade, muitas vezes reiterando discursos machistas, racistas e homofóbicos. Sendo ela um dos primeiros espaços de socialização, é lá que crianças e adolescentes convivem, pela primeira vez, com todas essas diferenças. Assim, a escola tem um papel muito importante no enfrentamento das desigualdades.
Infelizmente, sabemos que isso ainda é um desafio para educadores e educadoras! O contexto atual de conservadorismo e retrocesso dificulta ainda mais a promoção da igualdade e do respeito às diferenças dentro da escola. Além disso, faltam instrumentos para se trabalhar as temáticas em sala de aula.
Sabendo desses desafios, a Viração desenvolveu o Guia de Gênero e Sexualidade para Educadores, que tem como objetivo orientar educadores(as) sociais, educomunicadores(as), comunicadores(as) populares e professores(as) a promoverem o debate sobre gênero e sexualidade entre seus alunos.
A partir de exemplos simples e práticos das diferentes formas para se trabalhar gênero e sexualidade em espaços educativos, o material traz uma proposta de atividade pensada exclusivamente para educadores(as) que desejam transformar a realidade de forma crítica e criativa, participativa e democrática!
Acesse o Guia de Gênero e Sexualidade para Educadores aqui.
Meu aluno quer falar sobre sua sexualidade, e agora?
As questões de gênero e sexualidade são transversais a todos os temas, já que se tratam de questões relativas à humanidade. Assim, é comum que meninos e meninas em fase de exploração e descobertas queiram falar com alguém sobre seus sentimentos.
Uma das preocupações mais recorrentes dos jovens gays é em quem confiar para falar sobre sua sexualidade. Como um educador reage quando um dos seus alunos fala que acha que é gay? Ou se tem uma pessoa trans ou travesti em sala de aula?
Assumir a sua própria sexualidade é um grande momento na vida de qualquer pessoa, e requer bem-estar e confiança naqueles que estão apoiando o processo. No entanto, a insegurança e o medo, resultados de uma cultura LGBTfóbica, machista, discriminatória e preconceituosa, podem tornar este processo angustiante e doloroso.
O Grupo Gay da Bahia (GGB), em seu relatório de 2013-2014, mostrou que um gay é morto a cada 28 horas no país – foram 312 assassinatos de pessoas sexualmente diversas em 2013. Além disso, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo. Em 2016, foram 127 casos, um a cada 3 dias!
Assim, figuras afetivas como amigos(as) e professores(as) são tidas como um referencial para jovens gays e/ou trans que querem falar sobre sua sexualidade.
Com a ajuda do livro “Tá difícil falar sobre sexualidade na escola?”*, pensamos em 5 dicas para ajudar professores e professoras a mediar situações em que um aluno(a) quer conversar sobre sua sexualidade.
Meu aluno quer falar sobre sua sexualidade, e agora?
1- Escute paciente e calmamente o que o(a) jovem tem a dizer, mostre-se aberto ao diálogo e deixe claro que ele(a) pode confiar em você. Apoiar e acolher é fundamental!
2- Não pressione o(a) jovem por mais informações do que aquelas que ele ou ela já está dando;
3- Seja afirmativo(a) e positivo!
4- Explique que você está contente em ser informado sobre aquilo (pois é um sinal de confiança) e mostre que está preparado para ajudar!
5- Divulgue informações sobre Organizações da Sociedade Civil e instituições locais que podem dar apoio a ele ou ela. Assim, aqueles que sentirem que não têm com quem conversar sobre sexualidade, terão acesso a informações úteis e seguras. 🙂
* Tá difícil falar sobre sexualidade na escola? – 2ª Edição / Somos Comunicação, saúde e sexualidade. SOMOS; Claudia Penalvo e Luiz Felipe Zago
Meu aluno fez um comentário discriminatório, e agora?
O ambiente escolar, como parte da sociedade, reproduz relações de desigualdade, muitas vezes reiterando discursos machistas, racistas e homofóbicos. Assim, os educadores e educadoras têm um papel fundamental no combate às desigualdades e na promoção de um espaço educativo democrático e inclusivo, para todos e todas!
De acordo com a pesquisa “Relações raciais na escola: reprodução de desigualdades em nome da igualdade”, realizada pela socióloga Mary Garcia Castro, a discriminação, mesmo que sutil, afeta a formação de estudantes negros, influindo negativamente no aprendizado de meninas e meninos negros.
As diferentes formas de crianças e adolescentes expressarem sua sexualidade também é alvo de discriminação. Uma pesquisa feita pela FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo), em 2009, mostrou que 87% da comunidade escolar de escolas públicas brasileiras têm algum grau de preconceito contra homossexuais.
Tudo isso evidencia a importância da intervenção e da mediação de educadores e educadoras em situações de preconceito e discriminação na escola!
Assim, com a ajuda do livro “Tá difícil falar sobre sexualidade na escola?”*, pensamos em 5 passos para mediar comentários discriminatórios ou preconceituosos em sala de aula.
1- Uma das formas mais imediatas e efetivas de enfrentar a discriminação na cultura escolar é acabar com a linguagem discriminatória! Crie regras de convívio com a turma e deixe claro por que expressões preconceituosas são um problema.
2- Ao ouvir um comentário discriminatório, responda imediatamente, de forma cuidadosa, mas firme! Não deixe que o episódio caia no esquecimento ou seja tido como normal.
3- Assinale a expressão preconceituosa ou discriminatória e deixe claro: “Aqui está o problema”.
4- Refira-se às normas de convívio em grupo acordadas anteriormente: “Nossas regras não permitem que isso seja dito desta forma”.
5- Aponte as consequências de tal fala.
VAMOS USAR UM EXEMPLO PRÁTICO?
Durante a aula, levanta-se a questão de que “mulheres fazem mais tarefas domésticas do que os homens”. Um menino concorda exaltadamente. Você pergunta porquê. Ele responde que “mulheres devem cuidar da casa e dos filhos e homens devem trabalhar e ganhar dinheiro”.
E agora?
– Responda imediatamente.
– Discuta o comentário com todo grupo de alunos, explorando e questionando os alunos sobre as implicações do comentário para todos os envolvidos.
– Aproveite tal comentário para falar sobre as construções sociais que determinam as tarefas, habilidades e tendências de homens e mulheres.
A escola é um dos espaços em que crianças e adolescentes passam um bom tempo das suas vidas, e por isso é responsável pela formação de cidadãos conscientes e capazes de participar e transformar a realidade em que estão inseridos.
Para que a escola seja do jeito que a gente sonha, inclusiva e livre das desigualdades, é preciso o envolvimento de todos: alunos, pais, gestores e, claro, vocês, educadores e educadoras!
* Tá difícil falar sobre sexualidade na escola? – 2ª Edição / Somos Comunicação, saúde e sexualidade. SOMOS; Claudia Penalvo e Luiz Felipe Zago